Um olhar Sociológico (28/11/2013)
Módulo III - Sociologia da Imagem e a obra Aldeota
1ª Parte - Aldeota
O autor
Nascido
no sertão cearense de Quixadá, em minha pesquisa ora encontro 1901 como ano de
nascimento, ora encontro 1903. Jáder viveu entre o sertão e a cidade. No
exercício de suas profissões (advogado, jornalista, professor, escritor e
sociólogo)[1],
deslocava-se entre os dois espaços físicos. Em seus deslocamentos pode conviver
bem as duas realidades e essa vivência é transportada para a literatura.
Jáder de Carvalho ficou famoso pelos
romances de denúncia que publicou, com destaque para: Classe média e Doutor Geraldo (1937), Sua Majestade, o Juiz (1962) e
Aldeota (1963), nos quais faz uma
crítica contundente à sociedade cearense da época.
O livro
Divisão do livro por ANDRADE, 2011
Referências
Aldeota,
publicado em São Paulo em 1963, foi dedicado aos escritores Jorge Amado e
Ferreira de Castro, que também trabalham com o regionalismo. Esse dado, de
certa forma, já nos remete a identificação de possíveis influências e
intertextualidades destes autores na escrita de Jáder de Carvalho. Por exemplo,
tem-se a referência que Carvalho faz ao livro A Selva (1930) de Castro quando,
em Aldeota (1963), intitula o nono capítulo de “Selva” e escolhe a floresta
amazônica como espaço para três capítulos de sua narrativa.
Núcleos
O
primeiro núcleo do romance, onde há a geografia do sertão cearense compondo os
seguintes lugares, extraídos do mundo real: Saboeiro, Iguatu, Vila São Mateus e
Juazeiro do Norte, cidades do interior do Ceará. O segundo se passa em espaço
urbano, Fortaleza, nos bairros Otávio Bonfim e Náutico, no início do século XX,
e a outra parte, novamente no interior da vila São Mateus. Em seu terceiro
núcleo, o enredo volta-se para o sertão do município de General Sampaio. No
quarto, a história se encaminha para a selva amazônica. No quinto e último
núcleo, a narrativa se volta novamente para o espaço urbano de Fortaleza, em
sua formação – [na dicotomia dos] bairros Aldeota e Pirambu [com narrativas que
antecede por meio da vida social do bairro Benfica].
Numa
tentativa de classificação, poderíamos até dizer que Aldeota seria um romance
histórico, posto que, existe uma acentuada preocupação com os fatos da
História. Mas diferentemente de Dona Guidinha do Poço (1952), de Oliveira Paiva
que tinha uma preocupação mais documental de um caso real, isolado e
individual, Carvalho trabalha fatos históricos, econômicos, políticos e sociais
de uma repercussão mais coletiva, tendo como temas principais questões
relacionadas com a seca e a religiosidade, características do romance histórico
tradicional.
No
romance, parece haver uma mistura de observação e investigação que tem como
produto uma obra de caráter denunciativo em detrimento do domínio da
inventividade. O tempo histórico da obra é marcado pela segunda década do
século XX em diante, sendo verificável pela presença de datas ou de fatos
ocorridos na História, marcados cronologicamente. Carvalho se utilizou de
personagens históricos como: Padre Cícero Romão Batista, Beato José Lourenço,
Floro Bartolomeu, Franco Rabelo, Lampião e seu bando, Justiniano de Serpa,
Artur Bernardes, os poetas populares Luís Dantas Quesado e João Mendes de
Oliveira - poeta popular de Cariri -, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitcheck,
Jânio Quadros e Artur Bernardes.
[1]
Não encontrei nenhum registro de formação, mas sim citações de atuação
profissional nessas áreas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário